AS REDES SOCIAIS E AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS:
REFLEXÕES FENOMENOLÓGICO-EXISTENCIAIS
Ana Rita Coelho Guimarães
Arnon Lopes Franklin
Gláucio de Lima Silva
Ivana Nunes da Silva
Joquebede de Queiroz Santana
Renata Cavalcanti de Morais Ferreira Costa
Valéria Paixão de Oliveira
As redes sociais estão cada vez mais presentes
no cotidiano da sociedade moderna. Muitos autores escreveram sobre a influência
dessas sobre as relações interpessoais. No presente artigo, apresentaremos uma visão fenomenológica sobre as redes sociais, apresentando pontos de vista positivos e negativos sobre a temática.
Como disse o sociólogo polonês Zygmunt Bauman: “as relações escorrem pelo vão dos dedos”, ou seja, não possuem solidez ou profundidade e os indivíduos prezam pelo hedonismo e pelo narcisismo. Na Sociedade Líquida de Bauman, o contato via rede social tomou o lugar de boa parte das relações interpessoais, sendo a marca principal dessa sociedade a ausência de comprometimento. As relações se misturam e se condensam em laços momentâneos, frágeis e volúveis, sejam reais ou virtuais.
Como disse o sociólogo polonês Zygmunt Bauman: “as relações escorrem pelo vão dos dedos”, ou seja, não possuem solidez ou profundidade e os indivíduos prezam pelo hedonismo e pelo narcisismo. Na Sociedade Líquida de Bauman, o contato via rede social tomou o lugar de boa parte das relações interpessoais, sendo a marca principal dessa sociedade a ausência de comprometimento. As relações se misturam e se condensam em laços momentâneos, frágeis e volúveis, sejam reais ou virtuais.
Para Maria Silva, em seu artigo sobre as redes
sociais e seus impactos nas relações sociais: “isolar-se no mundo virtual,
fazendo dele a única atividade existente na vida, poderá desencadear um efeito
contrário, ou seja, o que se chama Rede Social, fará surgir um Ser anti-social,
estressado e com a saúde afetada com distúrbios como depressão, síndrome do
pânico, anorexia, entre outras, cujas causas poderão ser o vício em Internet.”
Como pontua Miskolci e Balieiro, 2018 apud
Sherry Turkle (2011), as relações mediadas em rede estariam criando
subjetividades com dificuldades relacionais devido a preponderância de relações
editadas, sem espontaneidade e com menor exposição emocional dos envolvidos.
Esta configuração pode apontar transformações descontroladas e desintegradoras
que podem afetar os sujeitos naquilo que eles têm de mais profundo: sua
subjetividade. Ao se verem dominados pela forma objetual de suas relações,
passam de um self interiorizado para outro criado para a aprovação alheia. Esta
passagem é o que Carl Rogers considera naexperiência do próprio sujeito como os processos
angustiantes de insatisfação que se assenta na diferença entre self real e self
ideal.
Por
outro lado, a ascensão das redes sociais facilita bastante a obtenção e a
manutenção de contatos. Antes do século XXI, uma simples mudança de cidade
tornava dificultada a interação com seus antigos amigos. De acordo com Barry
Wellman, da Universidade de Toronto, as redes sociais propiciam ao sujeito ter
mais amigos. Na última década, a média de amizades das pessoas que mais
utilizam a Internet cresceu mais do que as que não a utilizam.
O
problema neste sentido se resume nos efeitos que estas relações assumem na
comunicação em rede sociais em suas dimensões fenomênicas. Um dos autores que
problematizam esta questão é Pierre Levy (1996), que aponta o fato deste
fenômeno permitir criar situações em que vários sistemas de proximidades e
vários espaços práticos passam a coexistir.
O
autor nos faz refletir sobre a utilidade e o significado do mundo virtual como
vetor da criação da realidade, como processo do “devir outro” e do “acolhimento
da alteridade”, que devem ser considerados como fatos sociais concretos que
produzem efeitos na realidade, uma vez que vai se complexificando em seu
processo de desenvolvimento tecnológico.
As
redes sociais virtuais são ambientes naturalmente propensos às atividades de
interação, discussão e construção do conhecimento coletivo. É terreno fértil
para a gestão colaborativa por serem espaços nos quais o consumidor está
presente e envolvido com a proposta, bem como disposto a debater e efetivamente
opinar. (Dambrós & Reis,2008)
Por
esse prisma, percebe-se há uma visão paradoxal das redes sociais: muitos as
consideram benéficas e muitos as consideram maléficas. Compreender este fenômeno em um caminho fenomenológico nos ajuda a entender o modo como os sujeitos, usuários ou não das redes sociais, percorrem nesse espaço cibernético, nas formas de se estar, se utilizar, de como tem se configurado este movimento relacional do “devir outro” e do “acolhimento da alteridade”.
Referências
1. Zygmunt Bauman –
Amor Líquido
2. Barry Wellman, Janet
Salaff, Dimitrina Dimitrova, Laura Garton, Milena Gulia, and Caroline Haythornthwaite. Computer Networks as Social
Networks: Collaborative Work, Telework, and Virtual Community
3. AMATUZZI, M.M. Rogers: ética humanista e psicoterapia. Alínea. 2010.
___________. 2010. Por uma Psicologia Humanista. Campinas: Editora: Alinea; 3ª
ED.
4. BAYM, Nancy K. (2010), Personal connections in the digital age. 1. ed.
Cambridge: Polity Press.
5. LÉVY, Pierre. O que é virtual? São Paulo: Editora 34, 1996.
6.
MISKOLCI, Richard; BALIEIRO, Figueiredo Fernando de. Sociologia
Digital: balanço provisório e desafios, Revista Brasileira de Sociologia | Vol.
06, No. 12 | Jan-Abr/2018, Artigo recebido em 22/09/2017 / Aprovado em
12/12/2017.
7.
SIBILIA, Paula. O show do eu: a intimidade como espetáculo. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2008. 286 p.
8.
TURKLE, Sherry. (2011), Alone together: why we expect more from
technology and less from each other.1. ed. New York: Basic Books.
9. WAIZBORT, Leopoldo. As aventuras de Georg Simmel. São Paulo: Editora
34, 2000.
10.
Dambrós, J., & Reis, C. (2008). A marca
nas redes sociais virtuais: uma proposta de gestão colaborativa, Anais do Congresso
Brasileiro de Ciências Da Comunicação, Natal, RN, Brasil, 31.
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