REPRESENTAÇÃO DA IMAGEM DA MULHER NAS MÚSICAS NACIONAIS DA ATUALIDADE
Carla Renata de Amorim Barros
Jaquelline Machado de Oliveira
Maria Helena Maia e Sousa
Valéria de Almeida
A Psicologia Social é um corrente psicológica que tem como foco de estudo compreender como as
pessoas pensam, influenciam e se relacionam umas com as outras. É sabido que a música sempre foi
um fenômeno presente na vida em sociedade. De acordo com Ilari(2006) a música é um fenômeno
social que vem mantendo funções tradicionais e sentidos próprios em diferentes sociedades, no decorrer
da história. Ainda para Huron(1999) citado por Ilari(2006) a música desempenha papel importante
criando cenários para os relacionamentos humanos, inclusive os amorosos.
pessoas pensam, influenciam e se relacionam umas com as outras. É sabido que a música sempre foi
um fenômeno presente na vida em sociedade. De acordo com Ilari(2006) a música é um fenômeno
social que vem mantendo funções tradicionais e sentidos próprios em diferentes sociedades, no decorrer
da história. Ainda para Huron(1999) citado por Ilari(2006) a música desempenha papel importante
criando cenários para os relacionamentos humanos, inclusive os amorosos.
Diante dessa perspectiva este texto se propõe a refletir sobre a representação da mulher nas músicas
brasileiras, visto que a população brasileira tem a musicalidade como traço característico do seu povo,
seja nos cantos, danças, ritos religiosos, folguedos populares e em várias outras expressões culturais.
Não há aqui a pretensão de classificar as músicas em boas ou más, quanto a qualidade. As mulheres
sempre foram temas de letras de música, os cantores, Roberto Carlos cantou a beleza das mulheres
de óculos, pequena, gorda, negra, etc, Jorge Vercilo, Djavan, Caetano Veloso, que falam do amor pela
mulher e engrandece o papel delas em suas vida, citando trechos de suas músicas:
brasileiras, visto que a população brasileira tem a musicalidade como traço característico do seu povo,
seja nos cantos, danças, ritos religiosos, folguedos populares e em várias outras expressões culturais.
Não há aqui a pretensão de classificar as músicas em boas ou más, quanto a qualidade. As mulheres
sempre foram temas de letras de música, os cantores, Roberto Carlos cantou a beleza das mulheres
de óculos, pequena, gorda, negra, etc, Jorge Vercilo, Djavan, Caetano Veloso, que falam do amor pela
mulher e engrandece o papel delas em suas vida, citando trechos de suas músicas:
“Ela só precisa existir para me completar...une o seu viver com o meu viver…”;
“Vem me fazer feliz porque eu te amo..”
“Você é linda mais que demais, você é linda...essa canção é só pra dizer e diz…”
Tais cantores atualmente são preteridos a outros como Wesley Safadão, Léo Santana, Márcio Victor,
que dizem em suas música:
que dizem em suas música:
“Pode olhar, mas essa boca aí é minha, pode olhar, mas esse corpinho é meu…”;
“Quando bebe ela é um perigo, sai beijando de boca em boca”;
“Não tenho carro, não tenho teto e se ficar comigo é porque gosta…”
As músicas atuais carregam nas letras mensagens extremamente ofensivas, que reforçam
estereótipos e denigrem a imagem da mulher, além de fazerem apologia à violência física,
sexual e psicológica. Enquanto no passado ela era tratada com “Amélia”, recatada, servil,
do lar, hoje é vendida como cachorra, bandida, interesseira, cachaceira, vagabunda,
dentre outros termos.
Sanematsu citada por Cohen(2015) comenta que ao dizer numa música: “Se te pego com outro de mato”,
isso passa a ser o esperado socialmente. As músicas são expressões do pensamento social vigente,
ou seja uma representação social. Segundo Cavalcante et al (2017) o cenário difamador é ainda maior
quando se trata dos gêneros pagode e funk com letras que desvalorizam e menosprezam a mulher.
isso passa a ser o esperado socialmente. As músicas são expressões do pensamento social vigente,
ou seja uma representação social. Segundo Cavalcante et al (2017) o cenário difamador é ainda maior
quando se trata dos gêneros pagode e funk com letras que desvalorizam e menosprezam a mulher.
“Vai mexendo devagar...eu te pego com jeitinho”
“Ai safada! Na hora de levar madeirada...”
São músicas que colocam a mulher em posição de submissão e servidão em relação ao homem,
sobretudo na satisfação sexual, se analisarmos que a maioria dessas músicas são compostas e cantadas
por homens, demonstrando um outro fenômeno social de prevalência constante na nossa sociedade,
o machismo. Para Guimarães e Pedroza (2015) na perspectiva de Chauí (2003) a sociedade brasileira é
autoritária e estruturada em relações de mando e obediência, sustentadas com base em padrões
patriarcais e machistas, ao ponto da invisibilidade da violência estruturante de nossa realidade aliar-se
às desigualdades de gênero e, dessa maneira, ao negar direitos às mulheres e atribuir força e
autoritarismo aos homens, acaba-se por legitimar e naturalizar muitas das violências sofridas pelas
mulheres.
sobretudo na satisfação sexual, se analisarmos que a maioria dessas músicas são compostas e cantadas
por homens, demonstrando um outro fenômeno social de prevalência constante na nossa sociedade,
o machismo. Para Guimarães e Pedroza (2015) na perspectiva de Chauí (2003) a sociedade brasileira é
autoritária e estruturada em relações de mando e obediência, sustentadas com base em padrões
patriarcais e machistas, ao ponto da invisibilidade da violência estruturante de nossa realidade aliar-se
às desigualdades de gênero e, dessa maneira, ao negar direitos às mulheres e atribuir força e
autoritarismo aos homens, acaba-se por legitimar e naturalizar muitas das violências sofridas pelas
mulheres.
Essas músicas são fruto de uma sociedade autoritária e machista em que as pessoas menos
esclarecidas sobre o assunto acabam por achar que esse tipo de letra é normal e até mesmo uma
forma de elogio e declarações de amor, não percebem que tais músicas reproduzem a imagem
de uma mulher submissa, propriedade do homem, acéfala, que tem apenas partes do corpo como
detentora de poder, em geral a “bunda”.
esclarecidas sobre o assunto acabam por achar que esse tipo de letra é normal e até mesmo uma
forma de elogio e declarações de amor, não percebem que tais músicas reproduzem a imagem
de uma mulher submissa, propriedade do homem, acéfala, que tem apenas partes do corpo como
detentora de poder, em geral a “bunda”.
Ao longo dos anos as lutas femininas vem batendo de frente com essa visão machista de mundo
e buscando a implementação de políticas públicas que assegurem a igualdade entre os gêneros.
Exemplo disso foi a exposição realizada este ano pela Secretaria de Políticas para Mulheres na
Cidade de São Leopoldo-RS que buscou chamar atenção para o fato das músicas que
desrespeitam as mulher e fazem alusão a todo tipo de violência. A redação à respeito da
exposição traz:
e buscando a implementação de políticas públicas que assegurem a igualdade entre os gêneros.
Exemplo disso foi a exposição realizada este ano pela Secretaria de Políticas para Mulheres na
Cidade de São Leopoldo-RS que buscou chamar atenção para o fato das músicas que
desrespeitam as mulher e fazem alusão a todo tipo de violência. A redação à respeito da
exposição traz:
“Recentemente, no Dia Internacional da Mulher, a Secretaria De Políticas Para Mulheres
(SEPOM) de São Leopoldo publicou em sua página no Facebook fotos da campanha
“Música: Uma Construção de Gênero”, que denuncia machismo, feminicídio, cultura do
estupro e violência contra mulher presentes nas letras de músicas famosas. As fotos da
campanha estão em exposição no saguão da Prefeitura do município.O projeto tem fotos de
Thales Ferreira.”
(SEPOM) de São Leopoldo publicou em sua página no Facebook fotos da campanha
“Música: Uma Construção de Gênero”, que denuncia machismo, feminicídio, cultura do
estupro e violência contra mulher presentes nas letras de músicas famosas. As fotos da
campanha estão em exposição no saguão da Prefeitura do município.O projeto tem fotos de
Thales Ferreira.”
Abaixo algumas imagens da exposição:
"Com tanta roupa suja em casa você vive atrás de mim. Mulher foi feita pra o tanque, homem para o botequim".
"Sempre de cara amarrada, será que ela quer pancada?É só o que lhe falta dar! Ela quer apanhar!'
"Desculpa a visita, eu só vim te falar, tô a fim de você, e se não tiver, cê vai ter que ficar"
"Depois de nove meses você vê o resultado, depois de nove meses você vê o resultado. Segura o tchan, amarra o tchan, segura o tchan, tchan..."
Referências
Cohen, M. Especialistas acreditam que músicas banalizam violência contra a mulher. Jornal O Globo.
2015. Disponível em: http://oglobo.globo.com/sociedade/especialistasacreditamque
musicasbanalizamviolenciacontramulher18067514
Cavalcante, F. L.; Paz, M. G.; Silva, E. P.; Santos, E. M. S. & Oliveira, L. R. Na trilha sonora da
vida: A representação da mulheres nas músicas nacionais. In: Anais V Seminário internacional
enlaçando sexualidades: Salvador. 2017.
2015. Disponível em: http://oglobo.globo.com/sociedade/especialistasacreditamque
musicasbanalizamviolenciacontramulher18067514
Cavalcante, F. L.; Paz, M. G.; Silva, E. P.; Santos, E. M. S. & Oliveira, L. R. Na trilha sonora da
vida: A representação da mulheres nas músicas nacionais. In: Anais V Seminário internacional
enlaçando sexualidades: Salvador. 2017.
Guimarães, M. C. & Pedroza, R. L. S. Violência contra a mulher: problematizando definições
teóricas, filosóficas e jurídicas. Psicologia & Sociedade: Brasília, 27(2), 256-266. 2015.
teóricas, filosóficas e jurídicas. Psicologia & Sociedade: Brasília, 27(2), 256-266. 2015.
Ilari, B. Músicas e relações interpessoais. Psicologia em estudo: Maringá, v.11, n.1, p.191-198,
jan/abr. 2006.
jan/abr. 2006.
Site da reportagem SEPOM: http://www.alguemavisa.com.br/2018/04/03/confira-algumas -imagens-da- exposicao-musica-uma-construcao-de-genero-da-prefeitura-de-sao-leopoldo/
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