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  • quarta-feira, 12 de setembro de 2018

    O preconceito e o esteriótipo da criança autista: uma análise psicossocial


    O PRECONCEITO E O ESTEREÓTIPO DA CRIANÇA AUTISTA: UMA ANÁLISE PSICOSSOCIAL.
    Victória Duarte Acioly Filgueira1, Isabella Dourado Bastos Reis1, Laura Carvalho Brandão1, Lucas de Oliveira Santos1, Mariana Barbosa de Souza1, Monique Emily Nunes dos Santos1.
          1-    UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO


    RESUMO
    O autismo é um transtorno de desenvolvimento que geralmente aparece nos três primeiros anos de vida e compromete as habilidades de comunicação e interação social. A causa é predominantemente genética, é uma herança poligênica, o que quer dizer que existem vários genes que podem está envolvidos nesse transtorno. Por ser uma condição de desenvolvimento, a pessoa que tem autismo tem suas próprias características de desenvolvimento, de modo que cada um esteja dentro do seu próprio espectro. Indivíduos autistas invariavelmente têm dificuldades de envolvimento social e de aquisição de habilidades de comunicação. No entanto, a forma pela qual essas dificuldades se manifestam variam muito de pessoa para pessoa. Diante disso ainda existem um estereótipo em torno dessas pessoas, o que leva ao preconceito por parte da sociedade.  Dessa forma, este trabalho visa apresentar as características de maneira geral das pessoas com autismo, salientando o preconceito e estereótipos que são postos diante dos autistas.

    Palavras-chave: Preconceito; Estereótipo; Autismo.

    ABSTRACT
    Autism is a developmental disorder that usually appears in the first three years of life and compromises communication skills and social interaction. The cause is predominantly genetic, it is a polygenic inheritance, which means that there are several genes that may be involved in this disorder. Because it is a developmental condition, the person who has autism has its own developmental characteristics, so that each one is within its own spectrum. Autistic individuals invariably have difficulties in social involvement and acquisition of communication skills. However, the way these difficulties manifest themselves vary greatly from person to person. Faced with this there is still a stereotype around these people, which leads to prejudice on the part of society. Thus, this paper aims to present the characteristics of people with autism in general, highlighting the prejudice and stereotypes that are put before the autistic.

    Keywords: Autism; Stereotype; Prejudice.

    1.INTRODUÇÃO
    O preconceito é um fenômeno histórico e difuso, tão velho quanto a humanidade. Pode ser compreendido como uma “atitude” que temos para com outros, e mesmo que seja usado de maneira pejorativa, podem haver preconceitos formados positivamente e outros negativamente. Embora seja relacionado com emoções positivas e negativas, a psicologia social entende o preconceito como uma atitude negativa dirigida a um grupo e aos que dele fazem parte. Mesmo que sejam comumente associados, preconceito e estereótipo são conceitos diferentes, onde o primeiro é considerado um componente afectivo, já o segundo um componente cognitivo, mas estão sim interligados. Estereótipos são categorizações e crenças estabelecidas por nós a outras pessoas ou grupos, trata-se à imputação de determinadas características a grupos a partir de ideias fixas e verdades previamente estabelecidas. O preconceito utiliza de estereótipos, em suas bases, para analisar e julgar o outro, e é apoiado em atitudes como essas que surge a discriminação. Esta, apesar de muitas vezes velada, é presente e constante na sociedade e na socialização, e junto com os estereótipos e o preconceito, são capazes de regular as relações do sujeito com a sociedade, mediando as ações e comunicações humanas.
    O Transtorno do Espectro Autista (TEA) caracteriza-se, principalmente, por dificuldade de comunicação, domínio de linguagem, socialização e um padrão de comportamento restritivo e repetitivo. Por possuírem um comportamento, considerado por muitos fora do comum, quando se trata do de pessoas com autismo a sociedade tende a ter um olhar dotado de julgamento e preconceitos, muitas vezes pressupondo, sem saber que a pessoa possui o TEA, se trata de uma pessoa mal educada e antissocial. Além disso, mesmo quando tomam consciência do transtorno em questão, ainda consideram a pessoa doente e incapaz. Nesse contexto, muitas das negativas sociais, se não todas, direcionadas às pessoas com a deficiência estão interligadas com o preconceito, os estereótipos e a descriminalização sofrida, que deixam marcas tanto no individuo, quanto em sua família tornando o dia a dia mais complicado e desafiador, com uma séries de barreiras e obstáculos que podem ser amenizados com a conscientização e informação transmitidas de maneira responsável e respeitosa.

    2. DESENVOLVIMENTO
    Na base do preconceito estão as crenças sobre as características sociais, o autismo também sofre por muitas pessoas acreditarem que indivíduos com TEA são loucos e ou por sentirem medo deles, o que torna a socialização, que já é dificultosa, por causa do próprio transtorno, ainda mais sofrida pois ao mesmo tempo que os pais tem medo de por seus filhos com TEA em ambientes abertos com bastante socialização, a sociedade também não está aberta nem capacitada para receber essas pessoas. A falta de socialização aumenta cada vez mais esse estereótipo de uma pessoa que não pode socializar, não pode se comunicar, que vive em “outro mundo”, isolando esse individuo da sociedade. Vale salientar que o autismo tem vários graus do mais leve ao mais severo, o desconhecimento da sociedade sobre esse fato faz com que todo individuo diagnosticado com autismo seja estereotipado como severo e consequentemente tratado por igual, o que não é correto, cada sujeito deve ser tratado de acordo com sua individualidade, mas todos tem que ser inserido na sociedade. Além disso, nem todos com o mesmo grau possuem as mesmas características, pois a interação social pode mudar totalmente o comportamento social desse sujeito, quando esse indivíduo de grau severo é inserido em atividades sociais desde a infância, tem muito mais chances de ser um sujeito considerado “sociável” do que uma pessoa com TEA de grau médio que nunca foi inserido em nada que o estimulasse socialmente, por exemplo.
    Culturalmente, uma mãe de uma criança com deficiência é vista como alguém que esta sendo provada ou castigada por alguma divindade, o que por muitas vezes dificulta o tratamento dessa criança, levando ela e a família a um conformismo, fazendo com que esse sujeito não tenha interação social, pois a pessoa é infantilizada pela família e vista como “louca” pela sociedade, uma forma de redução desse preconceito é a hipótese do contato.
    Hoje em dia no Brasil temos a lei n° 13.146, de julho de 2015, que é a lei brasileira de inclusão da pessoa com deficiência (LBI), que aborda o direito à educação inclusiva e de qualidade em todos os níveis de ensino, garantindo condições de acesso, permanência, participação e aprendizagem, por meio de oferta de serviços e recursos de acessibilidade que eliminem as barreiras que o aluno com deficiência encontrará nas escolas. Após a implantação desta lei, pôde-se perceber uma maior frequência de pessoas com deficiência em ambientes sociais, que antes não poderiam ir, pois eram consideradas incapazes de “se comportar”, esta lei estimulou a socialização desse grupo pois proporcionou que o indivíduo com TEA frequentasse escolas, que é o principal âmbito em que aprende a viver em sociedade, ensinando não os autistas a “se comportarem”, mas a sociedade a compreender que a diferença não é algo negativo, mas sim algo que torna todos os seres humanos singulares, e com essa convivência aprendesse a interagir mesmo diante da diferença, não o vendo mais como alguém fora da sociedade, mas um membro.

    3.CONCLUSÃO
    Apesar desse avanço muitos ainda sofrem, pela desinformação e pelo preconceito, pois além de ações sociais a sociedade precisa estar disposta a conhecer esse sujeito, a compreender sua diferença e querer contribuir para uma sociedade mais justa para todos e para todas, independente de suas limitações.

    4.REFERÊNCIAS
    BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1998.
    CAVALCANTI, Ana Elizabeth; ROCHA, Paulina Schmidtbauer. Autismo: construções e desconstruções​. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001.

    Cláudia Sanini; Maúcha Sifuentes; Cleonice Alves Bosa. Competência Social e Autismo: O Papel do Contexto da Brincadeira com Pares.Psicologia: teoria e pesquisa,Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2013.
    GRINKER, Roy Richard. Autismo: um mundo obscuro e conturbado​. São Paulo: Larousse do Brasil, 2010.
    Lane, S.M.T. & Codo, W. (1995). Psicologia social 0 O homem em movimento. São Paulo: Editora Brasiliense,1.
    Myers, D.G.(2000). Psicologia Social. Rio de Janeiro: LTC.
    SIEGEL, B. O Mundo da Criança com Autismo – Compreender e Tratar Perturbações do Espectro do Autismo​. Porto: Coleção Referência. Porto Editora, 2008.


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    Texto escrito por estudantes de Psicologia e alunos de outros cursos da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) durante o semestre 2018.1 de modo a integrar diversas disciplinas, alunos de outros períodos e a turma como um todo. O resultado de tudo isso é o nosso Nó Górdio! Obrigado pela leitura! =]

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